Dooping, achando maconha na urina, saliva, sangue e cabelo!

Você até pode esconder de sua mãe o seu hábito de fumar maconha. Mas sua mentira não faria sentido para um químico. Desde 1980, métodos analíticos foram desenvolvidos para a determinação - qualitativa e quantitativa - de cannabinóides em várias matrizes biológicas, como a saliva, o sangue, o cabelo e a urina.

Dentre as substâncias analisadas, destacam-se - além do próprio THC - mais dois cannabinóides e os dois principais metabólitos, tal como ilustrado nas estruturas abaixo.

No sangue, as substâncias mais abundantes são o THC e THC-COOH. A legislação norte-americana proibe a direção de veículos sob o efeito de drogas. O único exame aceito, até agora, é o de sangue. Neste caso, a análise do sangue é interpretada em função de modelos matemáticos que, de acordo com a relação entre a concentração do THC e de seus metabólitos no plasma, são capazes de estabelecer o momento da exposição do usuário à droga.
No cabelo, THC é a espécie mais abundante e THC-COOH é detectável apenas em baixas concentrações. Isto não é surpresa, uma vez que os fatores que determinam a incorporação de drogas no cabelo são a liofilicidade, a afinidade por melanina e permeabilidade na membrana celular. O THC-COOH, portanto, é menos incorporado que drogas básicas, pois a permeabilidade na membrana é baseada no gradiente de pH entre o sangue (pH=7,4) e a matriz capilar (pH=5).
Comparados com outras matrizes biológicas, os cannabinóides CBN e CBD são encontrados em quantidades relativamente altas no cabelo.
É possível se encontrar THC em cabelos de usuários que já estão em até 12 anos de abstinência!

A determinação de cannabinóides na saliva ainda é um ponto polêmico e controverso. A presença de THC na saliva poderia ser atribuida à contaminação da cavidade oral durante o consumo do baseado. Alguns autores já foram capazes de detectar concentrações baixíssimas de cannabinóides na saliva, mas nenhum trabalho registrou a presença de metabólitos. De qualquer forma, o teste só é positivo se o consumo tiver ocorrido pouco tempo antes do teste.

No suor, somente o THC pode ser encontrado e numa concentração muito baixa. Nenhum trabalho conseguiu estabelecer um método eficaz para a utilização desta matriz na detecção de cannabinóides.
Em todos os casos, os métodos para a detecção envolvem cromatografia gasosa (GC) ou líquida (HPLC), precedidas de extrações líquido-liquido (LLE) ou líquido-sólido (SPE) da matriz biológica.


Cromatograma obtido após a extração de uma amostra de cabelo de um usuário de maconha.

Muitos métodos desenvolvidos por químicos analíticos são de uso atual da polícia e perícia técnica, e têm auxiliado na solução de vários crimes e infrações ligadas à marijuana.