Medicamente é testado contra vício de Cocaína

ANA PAULA DE OLIVEIRA
da Folha de S.Paulo

Pesquisa realizada na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que será divulgada no próximo dia 3, durante o Congresso da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas - ABEAD (entre os dias 2 e 4, em Santa Catarina), vai relatar os dados preliminares do estudo sobre o uso do medicamento topiramato no tratamento de dependentes químicos de cocaína.

O topiramato (princípio ativo de medicamento produzido pela Janssen-Cilag) já é comprovadamente um redutor da vontade dos dependentes de álcool de consumirem a bebida. O medicamento é um anticonvulsionante e pode regular dois neurotransmissores --o NMDA e o Glutamato--, que ficam desregulados quando a pessoa faz uso crônico de drogas. "O topiramato, no caso de alcoólatras, pode reduzir a probabilidade de recaída em 40%", afirma o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador da pesquisa, que também foi realizada em parceria com o psiquiatra Pedro Lima, da PUC-RS.

Segundo Laranjeira, 60 dependentes de cocaína --com idade média de 27 anos-- foram divididos em dois grupos; no primeiro foi administrado o medicamento e, no segundo, foi usado placebo (substância inócua). "Um número significativo de pacientes reduziu o uso de cocaína por causa do topiramato", explica o psiquiatra.
Contudo, um outro estudo norte-americano divulgado recentemente em uma publicação científica comprovou que a teoria da equipe dos pesquisadores brasileiros estava correta. Os 40 dependentes de cocaína, com idade entre 18 e 60 anos, também foram divididos em dois grupos, em que apenas um usava o topiramato. Ao final de 13 semanas de tratamento, 71% dos pacientes que usaram o topiramato se abstiveram da droga, contra 32% do grupo que consumiu o placebo.

Entretanto, quando concluídos, adianta Laranjeira, os estudos brasileiros também devem "comprovar o que o estudo americano concluiu".