A guerra das cervejas ! Africano Após o cantor Zeca Pagodinho ter estrelado a peça de lançamento da Nova Schin, ele voltou para sua “antiga” cerveja, a Brahma, e protagonizou um comercial comparando sua participação na campanha da Schin como “uma traição de verão”, porém, deixando explicito que “o bom filho à casa torna”, dando início, assim, ao que foi chamada a “guerra das cervejas” (Thomas Milz – Revista Época, Março de 2004) com uma série de filmes tentando mostrar qual lado estava com a razão. Este foi um destes filmes com diversas mensagens implícitas, e por este motivo a importância de citá-lo em nosso trabalho. A propaganda começa com um homem negro chegando a nado a uma praia brasileira, ele se dirige a um quiosque onde pede a cerveja Nova Schin. Ao ver a cerveja em suas mãos, e com ar de satisfação, ele se lembra do ocorrido, meses antes em seu continente de origem, a África, onde se dirigiu a um quiosque procurando a Nova Schin, sem êxito e ainda é satirizado pelo dono do bar e seus amigos, que apontam para o continente americano, dizendo a ele que procure no bar da frente, referindo-se à algum bar no Brasil. O personagem africano criado, baseado em um arquétipo masculino guerreiro-herói, “cujos traços positivos incluem independência coragem e força” (RANDAZZO, p.160) , sem medir esforços vem a nado ao Brasil e agora que conseguiu beber a Nova Schin, devolve a sátira aos seus conterrâneos. A troca de continentes (África para América) em busca da cerveja, deixa implícito o conflito entre a agencia África, responsável pela publicidade da cerveja Brahma e criador do filme onde o cantor Zeca Pagodinho estrela a “traição”, e sua concorrente, a agência Fischer América, responsável pela publicidade da Nova Schin. A propaganda ainda satiriza o bordão utilizado nas propagandas da Brahma (nã, nã, nã, nã.) com a risada do africano imitando este som. Na peça fica clara a diferença entre um continente e outro: na América todos estão se divertindo e dançando enquanto na África estão desanimados, estáticos. Nas peças publicitárias da Nova Schin são utilizadas imagens de várias pessoas em cenas do cotidiano, um tipo de publicidade direcionada ao gosto popular, portanto, irão se identificar com as peças pessoas que se enquadram na cultura popular, que é caracterizada como o modo de pensar, de agir, as crenças e manifestações artísticas do povo. A cultura de massa veio junto com o mundo moderno, com a urbanização, com o crescimento das cidades, cria-se pequenas populações onde estão todos juntos e com a mesma intenção. Ex: fãs de um certo grupo musical que formam um fã-clube, grupos de colecionadores de um mesmo tipo de objeto, etc. Ainda temos a cultura erudita que é cultura da classe dominante, dos privilegiados, da elite. O que os distingue são seu modo de agir, suas práticas literárias, obras clássicas, etc. A cultura popular é a cultura do povo. Ex: as cantigas de roda, o folclore, as religiões, sendo bem provincianas, apesar de muito conhecidas. A questão da existência de uma cultura popular versus uma cultura erudita implica modos diferenciados de ser, pensar e agir, associados aos detentores de uma ou outra cultura. Falar em cultura popular significa falar, simultaneamente, em religião, em arte, em ciências populares - sempre em oposição a um similar erudito, culto, de elite, que pode ser traduzido em dominante, dada a dimensão dicotômica (dominante versus dominado) que se costuma associar à sociedade capitalista. (Tomazi, p. 188) |