Efeito do álcool no sistema nervoso central

O álcool entra rapidamente no cérebro com inúmeros efeitos nos neurônios, ou seja, sobre boa parte dos sistemas neuroquímicos, provocando alterações nos neurotransmissores serotoninérgicos, nos dopaminérgicos no VTA e no núcleo acumbente e na liberação de peptídeos opióides no sistema nervoso central que causam seus efeitos prazerosos. A exposição ao álcool em um pequeno período de tempo reduz os impulsos elétricos dos neurônios determinando a depressão da atividade cerebral e dos nervos, como conseqüência do aumento da atividade do GABA nos receptores GABA-érgicos já que diminui a ação dos aminoácidos excitatórios, por exemplo, o glutamato ao nível dos receptores NMDA (HYMAN & NESTLER, 1993; HUNT, 1993; FERREIRA & LARANJEIRA, 1998; SHUCKIT, 1999).

A ação depressora do álcool no cérebro produz mudanças emocionais e comportamentais. Os efeitos do uso crônico de álcool podem causar alterações no lobo frontal e em diferentes áreas corticais e subcorticais do cérebro, bem como déficits psicológicos específicos na memória de figuras e na habilidade abstrata e verbal, além de problemas clínicos graves, entre eles a dependência física e a síndrome de abstinência. (GUTTING, 1978; MOSELHY, GEORGIOU & KAHN, 2001).

O uso do álcool é perigoso na gravidez, em indivíduos que fazem uso de medicamentos cujos efeitos são adversos com o álcool, para indivíduos com problemas clínicos relevantes, em indivíduos que estejam recuperando de alcoolismo ou para indivíduos com transtornos psiquiátricos que podem ser intensificados pelo uso do álcool, como a esquizofrenia e a depressão maior (SHUCKIT, 1999). Robins e Regier (1991) estimaram que cerca de 70% dos adultos consomem álcool, sendo que 25% desenvolvem abuso ou dependência em algum período da vida (Citado por FERREIRA & LARANJEIRA, 1998).