Sinais precoces do alcoolismo na adolescência Considerações preliminares Inicialmente deve-se considerar algumas dificuldades e limitações quanto ao uso dos marcadores biológicos, das escalas de avaliação e dos marcadores da quantidade de consumo e álcool. Por exemplo, alguns fatores não relacionados ao abuso de álcool podem interferir nos resultados da ?-GT, como o uso de certos medicamentos, principalmente anticonvulsivantes e anticoagulantes (Litenn et al, 1995 e Chand et al, 1997) e outras condições fisiopatológicas. Também, não se tem certeza ainda porque em pacientes do sexo masculino há uma relação inversa entre a dosagem da CDT e a severidade das doenças hepáticas (Nalpas et al, 1997) (Citado por ROTH, RESEM & PERES, 2001). Assim, tais resultados exigem uma interpretação cautelosa das alterações nos valores de referência (ROTH, RESEM & PERES, 2001). Outra limitação é que nem sempre há uma disposição do indivíduo aceitar a realização desses testes laboratoriais com fins específicos de detectar o consumo de álcool, pois geralmente há uma tendência das queixas estarem desvinculadas do problema do uso do álcool, e a realização dessas provas requer o livre consentimento do indivíduo depois de devidamente informado. Quanto aos marcadores da quantidade de consumo de álcool, eles se referem aos riscos à saúde física. Embora o uso regular de álcool dentro dos parâmetros que não constituem risco à saúde (física), por sua vez, no decorrer do tempo, pode implicar no aprendizado do beber e, num futuro, constituir um quadro de alcoolismo. Uma dificuldade quanto a esses marcadores, é que adolescentes ou jovens podem estar consumindo bebidas alcoólicas em grupos de colegas, o que dificulta ao certo a quantidade de gramas de álcool ingerida. Além disso, há uma tendência não só do jovem, mas da maioria das pessoas que consomem álcool, minimizar sobre a quantidade consumida. O mesmo se refere às Escalas para avaliação do consumo de álcool. O adolescente que está consumindo álcool, de maneira a causar a preocupação dos pais, geralmente não é receptivo à ajuda dos familiares quando tentam encaminhá-lo para um profissional ou a um serviço especializado. No trabalho que realizamos na Clínica Mirante do Instituto Bairral de Psiquiatria - Itapira - SP com dependentes de substâncias psicoativas, ao pesquisar a história de vida de pessoas em tratamento por alcoolismo, foi possível encontrar nessas histórias subsídios para identificar sinais ou indicadores relacionados ao consumo do álcool na época da adolescência dessas pessoas. Acreditamos que se tais indicadores fossem conhecidos e, assim, trabalhados na época da adolescência dessas pessoas, talvez fosse possível impedir o avanço e a configuração do quadro de alcoolismo atual.
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